Meu delicioso e melancólico mundo particular.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Objeto meu

Eu te chamo objeto, eu te trato com desprezo.
Te ponho em uma estante e te exponho, meu amor,
Te ponho na minha estante e te coleciono.
Não é segredo que eu goste de brincar, sabes muito bem disso e aceitas.
Sou só uma criança, meu amor, só uma criança indefesa.
Que coragem terias de me negar? Me negas, tens certeza?
Pois te digo com propriedade que és meu objeto sim e entenda,
Não é que eu te use apenas, eu uso, mas é que eu te tenho.
Quando te chamo objeto aceite de bom grado pois falo com meu sentimento.
Te considero minha propriedade e te quero para o meu bel uso, que crime há nisso?
Não se revolte comigo, aceite e seja dócil, faça carinho em mim como a um animalzinho que tenhas.
Na verdade eu te digo "meu" mas eu quero dizer "tua"
Não acredito que seja assim tão difícil de ver que estou me enrroscando em suas pernas implorando por afago.
E se te trato mal não é intencional, sou bicho do mato... eu arranho, eu mordo!
Pois heis que me chamas de "gatinha" que grande insulto é ouvir tal chamado
Eu sou fera, meu amor, eu sou lince. Não me confunda com as vira-latas que andaste a conhecer.
Seja meu de bom grado, seja bom para mim... Eu só quero cuidado, alguém que me cuide bem.
Quando entenderes o quão valiosa eu sou serás feliz quando eu te chamar "objeto"...
Se um dia puderes entender a honra de ser meu saberás do que estou falando.
O que é meu é meu para sempre... não troco, não vendo e não dou.
O que abro mão não me apetece... não quero, me desfaço, jogo fora sem dó nem dor.
Não queira ser, coisa minha, algo que eu não precise ou não queira.
Seja necessário, mantenha-me feliz, seja o bobo da corte no reino do meu pensamento
E seja escravo do meu corpo, me sirva, seja prato principal...
Não me deixe desinteressar, não me deixe por favor.
Já cansei de procurar novos palhaços para alegrar meu coração.





Gabriella Lopes

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