Meu delicioso e melancólico mundo particular.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O Encontro

Ela o esperou, ali, em pé, ao lado de um bar e com gente estranha a rodeando. Vestido vermelho, curto, colado, cigarro na boca e celular na mão. Seu rosto de menina e cabelos de boneca, vermelhos eram seus lábios e seus cabelos. E seus olhos eram fogo puro.
Ela o esperou, mas não esperou muito. Ele estava comprando um maço de cigarros. E ele a encontrou ali, no meio da confusão (estava acontecendo uma briga na frente do bar).

Entre mendigos e bêbados ela o viu.
Ele era alto, muito mais alto do que ela poderia imaginar. Ele usava uma camisa surrada, mostrava nos braços suas tatuagens, barba por fazer, desleixado.
Ele segurou a mão dela, pois ela procurou a mão dele.
Eles queriam sair dali... eles queriam tantas coisas.
Em meio a uma caminhada confusa, ela pensava alguma coisa estranha sobre ele, enquanto ele não parava de falar.
O lugar era péssimo, o sapato dela era feio, ele não botou aquela camisa social, ambos estavam cansados, tudo estava errado.
Mas ele a enxergou, viu além do vestido vermelho colado e do batom gasto pelo cigarro na boca. E ela o enxergou, viu muito mais que um tagarela esquisitão com uma camisa feia.
Ele a viu. Ela o ouviu. Eles se sentiram confortáveis um com o outro.
E na boca a barba espetava, e nas mãos os cabelos se entrelaçavam, e nos olhos fechados eles viam muito mais coisas... e aquela sensação gelada na barriga. Um estalinho, apenas, e tudo isso acontecia.
Ela o viu além da aparência esquisita. Ele a viu além do rostinho de boneca.
E, desde então, eles nunca mais foram os mesmos.