Meu delicioso e melancólico mundo particular.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Ter



Eu sempre quero o que não tenho, me fascino pelo que nunca tive e me
derreto pelo que jamais terei.
Eu não me contento com o pouco que me é dado e eu sempre vou querer mais.
Contra todos os traços do destino, que me deu tudo o que me deu, eu jogo
tudo para o alto e eu sempre quero mais,
não precisa ser melhor, na verdade nem sempre é, só precisa ser novo e
inesperado, só precisa não ser eu.
Eu quero justamente o que ninguém me dá... e o que ninguém me dá parece ter
o sabor mais refinado.
Minha boca fala o que não quer falar para conseguir o que não tem, para que
eu tenha um minuto de prazer tendo o que quero, mesmo que depois eu não vá
querer mais pois assim é com as coisas que tenho.
Se tu me desses o que eu quero eu já não mais pertenceria a ti, pois de
certo tudo o que possas me dar qualquer outro pode, mas de fato justamente
o que não me dá é justamente o que eu quero e nenhum outro poderá jamais me
oferecer, além de tu.
Com esse jogo de dá e toma me tens nas as mãos, meu desejo, minha boca,
minha mente, consegues consumir tudo pra ti mesmo.
Tens tudo o que queres e heis nossa conta-mão: Eu te dou tudo, tudo o que
queres, eu te dou sem reservas e sem precisar de nenhuma formalidade. Eu me
dou e eu sou, te sou e me dou. Eu sou tua.
O que mais poderias querer? Não há mais nada que eu não entregue a ti, o
que mais falta?
Eu sei que precisas de mim e que sem tudo que te dou não serás nada. Mas e
o que eu quero, quando vais dar para mim?
Sabes que se me deres será o nosso fim, será por isso que me negas tanto o
que eu tanto quero?
Me negue o quanto quiser, seja ruim comigo... sabes que gosto da tua
maldade.
Mas cuidado. Se me negas e eu quero, se me negas e eu sei que posso ter,
terei. Com ou sem ti.
Aprendes a me negar e aprendes mais ainda que sou tua, mas que sou minha
também.
Sou tua criança, me ensina a ser como tu. Me mostra o mundo. Mas não se
esqueça:
Criança mimada não se contenta em não ter, criança mimada vai lá e pega.
A ti meu eu por inteiro, a mim teu pior lado pela metade.


Gabriella Lopes.

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