Meu delicioso e melancólico mundo particular.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014



E quanto mais eu penso em não pensar, mais eu mergulho meus pensamentos em você.
E quanto 



mais eu penso 



em não 



pensar, 



mais eu 



mergulho 



meus 



pensamentos 



em você.


Gabriella Lopes.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

,Confusa


[Voz calma, introdução] ​Não sei bem até que ponto estamos pensando com sensatez...

[Um minuto de silêncio, reflexão]


[Turbilão de pensamentos, dando nó nas idéias, mãos trêmulas]


[,Confusão]

Eu não sou a pessoa mais pé no chão do mundo
, eu sonho muito.


Tento viver os meus sonhos
, mesmo a maioria deles sendo loucura.


Não dá para vivê-los
​, todos, sempre, ​e eu sei disso.


Sei que eu insisto, mas
​, no fundo,​ eu sei o que dá e o que não dá



Para o meu pé se firmar
​,​ ou minha mão alcançar.


E eu
​,​ de repente
​, ​ acho que
​,​ talvez, não é certeza (nada em mim é certeza)
​,​


Nós não estejamos ao alcance um do outro.


E
​,​ talvez
​,​ as coisas fiquem ruins...


E
​,​ talvez
​,​ não seja
(​mos)​ suficiente
​(s​)...


E
​,​ talvez
​,​ acabemos (no
s) machucando.


[Pausa]

Não sei até que ponto vale tanto esforço, e falo de ambos, não só de mim.


Gostaria de saber o quão forte é este nosso elo
de cumplicidade​,


Sera que é forte o suficiente para nos prender?


E​, ​se for
,
isso o torna corrente, prisão?


E,​ eu não sei
, não sei de nada
mas tenho uma certeza que me martela o pensamento:

[Silêncio]


Tampouco sabe você.


[Fim]

...

Ontem eu estava suja.

Ontem eu vagava pelas ruas​,​ louca,
Achava que todos me​ amavam​ por minha beleza.
Ontem eu era feliz só por ser eu.

​E​ra popular e cheia de amigos,que eu só via quando o sol se punha.
Andei por tantos lugares que conheço a cidade como a sola do meu pé.
Ah, a sola do meu pé conhece tudo por aqui.​
Ontem eu passava três, quatro, cinco noites em claro.
A minha semana só tinha dois dias pois o dia só virava quando eu dormia.
quando ​eu acordava, tudo​ estava tão mal:​ eu não tinha mais amigos, eu não era a mais bonita, ​eu não tinha apego a nada. Como eu rezava​, para a noite chegar logo. Eu sempre esperava pela noite e ela não me decepcionava nunca.
Mais um dia de três-dias-de-dia-e-noite chegava e os amigos voltavam e a alegria voltava.
Mas,​ quando era noite-dia-hora-de-dormir​,​ eu me sentia tão só, tão dependente, tão suja.
Ontem eu estava suja​,​ mesmo, andava por aí sem eira nenhuma e beirava a calamidade.
Meia calça rasgada, dignidade puída, maquiagem borrada e um babaca qualquer só para não ficar sozinha.
Ontem eu vomitei nos meus próprios pés, eu caí de joelhos por não conseguir mais andar. Louca, entorpecida, tudo ontem.​

​F​oi uma delícia, eu era a "Rainha da praça".
Rainha louca, louca, bêbada, rouca, não tinha quem não me amasse,​ quando a noite caía. Eu era a dona da noite!​ Mas nenhum deles nunca me viu no dia, destruída, acabada, suja de alma e suja de corpo no dia-noite-hora-de-dormir.
Ontem eu cansei.
Cansei de me sujar por nada, cansei da dignidade quase completamente destruída, cansei de mim.
Ontem eu resolvi que não seria rainha de mais nada, não me despedi de ninguém, ontem eu só sumi.

Hoje eu sou limpa.

Hoje eu escrevo novas histórias, histórias vindas da minha cabeça ou do rivotril, não sei bem a diferença.
Hoje a noite é noite, ou pelo menos metade dela...
E o dia é dia, depois de meio-dia o sol sempre nasce novamente só para mim.
Nasce com o abrir da minha janela, nasce depois que eu dou um so​r​riso e olho a claridade.
Nasce em mim​,​ quando eu vejo as nuvens brancas que eu não via ha tanto tempo​...​ ou talvez eu visse e não reparasse nelas.
Hoje eu sou linda de verdade: meia calça inteira e maquiagem no lugar.
Hoje eu descobri que posso ser rainha para muitos com as minhas palavras, hoje eu reino em várias mentes e sei bem como se faz.
Virei 'madona' e encantamento, de sombra​,​ virei fada... de fada,​ viro ninfa quando a noite cai.
Hoje eu sou limpa, hoje as pessoas ao meu redor mudaram.
Hoje meus amigos estão comigo de dia, de noite, de tarde, de madrugada!
Hoje eu sei o que é sentir o vento nos meus cabelos sem cair ajoelhada.
Meus sapatos são limpos e se mantêm limpos quando estou de volta em casa.
Hoje minha roupa é bem cuidada, passada, hoje eu sei a diferença que isso faz.
Hoje eu não sou outra pessoa. Algumas pessoas pensam que eu sou, mas eu sou a mesma.
Não tenho testemunhas que me confirmem​,​ pois quem esteve comigo de noite não quer me acompanhar de dia. Então​,​ hoje não tem nada e nem ninguem que saiba onde eu estive a não ser eu mesma.
Não há registros, não há fotos, não há fatos, não há nada
Hoje sou a mesma pessoa, mas minha meia calça é diferente.
Hoje eu penso as mesmas coisas, mas penso quando eu quero e não quando vou dormir, apenas.
Hoje eu sou eu por completo, o lado sujo e o limpo, os dois de mãos dadas convivendo em paz e enlouquecendo quando querem.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Eu e você

Meus saltos, teus sapatos.
Meus cabelos, tua barba.
Meu perfume, teu suor.
Teus olhos, minha boca.
Tuas mãos, meus quadris.
Teu colete, meu espartilho.







Que combinação no mundo poderia ser mais perfeita que eu e você?







Gabriella Lopes.

A primeira noite.

E só de pensar naquela barba roçando no meu pescoço,
Meus pelos se arrepiam pelo corpo inteiro.
Completamente tomada, embriagada com o teu cheiro.
Na lembrança eu guardo aquele primeiro olhar,
Ainda acho que o feitiço foi lançado ali.
No instante em que te vi eu sabia, não resistiria a ti.
Suas costas largas, sua pele encardida, de cheiro forte.
Colado no suor dos meus seios, ofegante.
Quanto mais a manhã se aproximava, menos dormíamos.
Cada segundo contado com angústia, nós sabíamos.
E entre pernas, braços e membros fizemos nosso casulo
Que durou o tempo de sobra de uma noite inteira de amor.
Por um último instante éramos um só, como sempre.
Até o último segundo antes de partir, de repente.
Enquanto minhas pernas te envolviam o tronco,
E tuas mãos me envolviam os braços,
Na tua boca um sussurro, num tom abafado:
"Promete voltar assim que der, anjo?
Promete estar do meu lado?"
E naquele instante, um beijo, para cortar o que foi dito errado.
Dentro de mim eu já sabia, para sempre te amaria...
Mas jamais te teria ao meu lado. 



















Gabriella Lopes

Platônico...

É tão estranho pensar em ti como algo tão próximo, quando sei que és, para mim, algo tão distante. Quem já se apaixonou pela lua, ou por alguma estrela no céu, vai entender do que estou falando. Vejo aquele brilho imenso, vejo reluzir, fico cega com tanta beleza, mesmo que de muito longe. Sabe quando, na noite escura, vemos uma estrela cadente e ela subitamente nos enfeitiça? Pois é isto o que sinto, mas não apenas por um vão instante, é como se fosses uma estrela cadente em câmera lenta. Te exibes para eu poder admirar.
Acho que não quero perder minha estrela brilhante e tão distante. Acho que gosto de manter-me afastada. Sabes que de longe te enxergo muito melhor, enxergo toda a grandeza que, de perto, muitos ignoram.
Não consigo evitar a vontade louca de tocar em ti, mas te confesso que não tenho intenção de te manter perto por muito tempo.
É estranho pensar que perderei o motivo para escrever minhas baboseiras platônicas. Acabei me apegando e te ver e desejar de longe, e tenho medo de não saber o que fazer quando perto estiver.
Acho que devo ser algo do tipo, também, para ti.
Prefiro estar jogada na imensidão do mundo. Na distância em que me encontro não pertenço a ninguém. Igualmente proporcional, ninguém pertence a mim. Sou do universo, sou de um todo. Sou minha. E quero que assim continue: mantenha-te longe de mim, mas perto o bastante para que eu não tire mais as minhas mãos de ti.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O Encontro

Ela o esperou, ali, em pé, ao lado de um bar e com gente estranha a rodeando. Vestido vermelho, curto, colado, cigarro na boca e celular na mão. Seu rosto de menina e cabelos de boneca, vermelhos eram seus lábios e seus cabelos. E seus olhos eram fogo puro.
Ela o esperou, mas não esperou muito. Ele estava comprando um maço de cigarros. E ele a encontrou ali, no meio da confusão (estava acontecendo uma briga na frente do bar).

Entre mendigos e bêbados ela o viu.
Ele era alto, muito mais alto do que ela poderia imaginar. Ele usava uma camisa surrada, mostrava nos braços suas tatuagens, barba por fazer, desleixado.
Ele segurou a mão dela, pois ela procurou a mão dele.
Eles queriam sair dali... eles queriam tantas coisas.
Em meio a uma caminhada confusa, ela pensava alguma coisa estranha sobre ele, enquanto ele não parava de falar.
O lugar era péssimo, o sapato dela era feio, ele não botou aquela camisa social, ambos estavam cansados, tudo estava errado.
Mas ele a enxergou, viu além do vestido vermelho colado e do batom gasto pelo cigarro na boca. E ela o enxergou, viu muito mais que um tagarela esquisitão com uma camisa feia.
Ele a viu. Ela o ouviu. Eles se sentiram confortáveis um com o outro.
E na boca a barba espetava, e nas mãos os cabelos se entrelaçavam, e nos olhos fechados eles viam muito mais coisas... e aquela sensação gelada na barriga. Um estalinho, apenas, e tudo isso acontecia.
Ela o viu além da aparência esquisita. Ele a viu além do rostinho de boneca.
E, desde então, eles nunca mais foram os mesmos.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

...é por amor às flores.


 

Chegou a primavera, mas para mim ainda é inverno. Vejo as flores desabrocharem, vejo as pessoas contentes com as cores voltando às ruas, e eu aqui com as mãos geladas, enfiadas no bolso do casaco pesado que eu insisto em carregar comigo.
Corpo coberto, neve caindo ao meu redor, face fria, vento cortante.
Eu vejo vida nos olhos deles, estão doidos para me dar vida também. Onde eu chego me pedem um pouquinho de paciência e tentam me mostrar que posso abandonar a capa pesada. Seguram minhas mãos e apertam, cheios de esperança, acham que manterão meus dedos mornos com o calor dos dedos deles. Eles mantêm sim, e é bom sim, mas eu nunca deixo que me aqueçam por muito tempo.
Já cheguei a pensar que eu mesma, logo eu que adoro verão e sol, estou enterrada na neve, no frio, no gelo das minhas próprias mãos.
Nunca deixo de dar a chance que me pedem, nunca fecho a entrada do jardim, mas quando me aproximo das flores eu olho para minhas mãos geladas e as enfio nos bolsos novamente. E sumo.
Não é que não me agradem as flores, não é que eu não goste da primavera. Eu adoro!
Meu problema é gostar tanto que tenho que ter várias ao meu redor. Eu toco minhas flores, eu amo minhas flores, eu amo seu cheiro e doçura e amo ter várias delas só para mim. Eu as tenho todas ao mesmo tempo. O problema é que não me contento em vê-las e tocá-las, eu as arranco e levo para casa. Depois de um tempo elas secam, murcham, perdem a graça. E eu pego outra, e a mesma coisa acontece.
Tive uma coleção de flores lindas, que me aqueceram, que me amaram, que me deram beleza e vida. Hoje é uma coleção de flores mortas, secas, pálidas. Flores lindas que foram minhas por inteiro e hoje joguei no lixo depois de sugar toda sua vida e beleza.
Diante disso resolvi viver no inverno. No inverno não há flores, apenas árvores secas. Não há como secar mais uma árvore seca, morta, dura. E é nelas que me abrigo. Fiz um refúgio seguro entre neve e galhos quebrados.
Minhãs mãos geladas, o casaco pesado me protegendo, mãos nos bolsos.
Tudo por amor às flores... Tudo para protegê-las de mim.

Diamantes e Rubis

Toda mulher ama diamantes, eu amo Rubis.
Eu vou bem mansa, me aconchego em ti, te beijo com meu batom Rouge Channel
Como poderias tu resistir?
Te envolvo como uma píton, eu te seduzo e depois te enveneno.
Eu te esmago, presa minha, eu te esmago, eu gosto de te ver sofrer.
Me rastejo, presa minha, me rastejo por ti e me humilho.
Nossos diamantes e rubis espalhados pela nossa sala,
Nossos olhos vidrados contemplando os diamantes e rubis que rolam e caem.
Meu rosto borrado de diamantes, teu rosto molhado de rubis.
Oferece-me teus rubis, ó meu Lorde, meu senhor
Que te ofereço meus diamantes, te ofereço, te faço um rio cristalino.
Dê-me um colar de rubis, meu precioso Lorde, meu amo
E eu te dou anéis cravejados de diamantes, os mais lindos que já viste.
As mulheres tendem a amar diamantes, eu amo os rubis.
Eu visto teus rubis, amor meu, teus rubis que tu me ofereces tão docemente.
Eu uso teus rubis, amor meu... enquanto tu usas meus diamantes.

O beijo.

Com um beijo nos despedimos,
O beijo mais apaixonado que já tive.
O suspiro quase funeral, como se aquilo fosse a morte

E talvez tenha sido, morte minha e tua no espaço de um beijo.

Quantas coisas foram ditas,
As mais lindas poesias eu te escrevi.
Minhas palavras tão doces, palavras vazias hoje sem ti.

Tantas lágrimas derramadas,
Lágrimas de amor verdadeiro, rubis.
Hoje em dia nossas lágrimas são raras, eu choro jóias por ti.




Lembro de cada segundo que passamos, de cada grito, de cada afago, cada emoção que vivemos tão intensamente.
A saudade me corta ao meio, minhas vísceras, meu coração, minha mente está dividida atormentada pela vontade de ti.
Como podes viver assim tão longe de mim, como podes me dizer que tanto me ama a um mar de distância e alimentar essa dor?
Moço, me diga que mal lhe causei para que quisesse tanto assim meu sofrimento?
Que a distância seja infinita, pois me sinto confortada somente em pensar que pensas em mim.
Por mais que outras belezas me apareçam, outros corpos me atraiam, serei fiel ao que sinto por ti.
Veja, amor da minha vida, não te impeço de nada nem te obrigo castidade, sejas feliz como queiras desde que eu seja a única dona que te tira o fôlego.
Pois saiba que tiras o meu todas as noites só de lembrar dos teus braços, teus olhos, teu corpo quente, tuas pernas de urso montadas em mim.
Saiba que não houve neste mundo homem que me desse o que tu me deste, e que é nesta lembrança que me apego a ti.
Entre choros e suspiros nossos momentos únicos naquele quarto espelhado... eu refletia os lençóis de tão alva e tu admiravas encantado.
Naqueles lençóis brancos-cor-de-pecado fomos doçura e carinho, fomos animais.
Eu implorei por mais, implorei! E até hoje eu imploro, te imploro... te preciso!
Promete me que jamais levará outra àquele lugar de lençóis brancos-cor-de-pecado, jamais as verá alvas refletindo a pouca luz, promete me?
Se é para ser suja, me suje. Se é para ser tua, me tome. Se é para ser meu... que seja.